Mãos amarradas II

É quase impossível manter descerradas as pálpebras, que exaustas, anseiam descansar.

Mãos amarradas.

A única coisa a fazer é esperar à beira do leito, enquanto o tempo se encarrega de tudo.

Seca.

Áridos estão meus lábios pela escassez dos beijos teus.

Bafão.

Não devia ter falado tão perto do espelho.

2 de novembro.

Não é só a cara do domingo que é de velório, também é Dia de finados.

O olhar, jaz.

Meus olhos suicidaram-se por não mais te ver.

Antes de anoitecer.

Aos poucos, punhados de terra fizeram desaparecer o dia.

Paletó novo.

Os cupins fizeram a festa e nem se importaram com os vermes penetras.

Nó na garganta.

Depois de tantos desentendimentos, levou a mão ao pescoço e afrouxou a gravata.

Coração partido.

Dividiram a única refeição do dia.

Ataque de bichas.

Abertas as portas para a liquidação.

Relógio quebrado.

Os ponteiros pararam, mas mesmo assim amanheceu.

Mesa de bar.

Fiel divã do rejeitado.

Homens

Se avistar um por aí, me avise.

Copo cheio.

Remédio para qualquer dor de cotovelo.

Cutucando o vespeiro.

Precisava atravessar o rio, mas não sabia nadar.

Falta de ar.

Fecharam a tampa.

Vozes veladas.

O sebo cerrou os lábios e derreteu os beijos.